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ComPosições políticas: outras histórias do Rio de Janeiro


“Nós, Geo Abreu, Eduardo Bonito, Hevelin Costa, Leila Danziger, Lívia Diniz, Guga Ferraz, Marisa Flórido, Isabel Ferreira, Aleta Valente, Naldinho Lourenço, Gê Vasconcelos, Davi Marcos, Josinaldo Medeiros, Wagner Novais e Rafucko participamos em março de 2016 da residência ComPosições Políticas no Bela Maré.

Somos um grupo heterogêneo vindo de percursos e contextos diversos (Bangu, Cidade de Deus, Copacabana, Estácio, Grajaú, Maré, Rio Comprido e Santa Teresa) que, ao longo de quatro semanas, compartilhou processos, trabalhos, vivências e moradia na Maré. Durante esse tempo, nos debruçamos sobre questões como o direito à imagem, a memória coletiva ou a representação do horror, e nos deixamos atravessar pela potência sociocultural e afetiva de um território que, como tantos outros da cidade, continuam submetidos ao estado de exceção. Estas são algumas das composições que surgiram do nosso encontro, algumas já acabadas, outras ainda imersas num processo que continuará aberto e mutável até a finalização da exposição no dia 21 de maio.

ComPosições Politicas é uma tentativa de construir coletivamente a memória visual das outras histórias do Rio dos megaeventos, a partir da reinterpretação de imagens de acontecimentos recentes extraídas da mídia que causaram impacto no nosso imaginário. Em práticas recentes, a arte busca interferir nos mecanismos de visibilidade e invisibilidade midiática. Tornar “visível” seria portanto garantir lugar e voz na esfera pública.

Nestes tempos em que as grandes mídias atuam como porta-voz do poder e não como fiscais de seus abusos, como ecoar a voz dos que não podem falar por estarem mortos, dos que temem represálias, dos que se sentem impotentes para relatar seu sofrimento? Nesta cidade, somos continuamente expostos a imagens que não conseguimos digerir. Como evitar o distanciamento produzido pela proliferação de atrocidades num contexto de saturação imagética? Como pensar o testemunho dos acontecimentos traumáticos cotidianos? Como evitar a distância desativadora que sucumbe, com frequência, à tentação de converter o horror em espetáculo? Entre nossa capacidade de imaginar outros possíveis e as mídias (que dela se apropriam), como restituir a cada imagem sua força intempestiva, fazê-la uma cintilação que interrompa as opressões e os sequestros de desejos e potências? Imagem-sonho-resistência que ofereça outros horizontes além daquele da ofuscante luz da sociedade do espetáculo e da escuridão dos estados totalitários de morte e exclusão. Imagem que resgate as memórias e nos prometa outros mundos por vir.

Diante de cada imagem, é preciso perceber o que foi preterido, silenciado, derrotado. Diante de cada imagem que toma posição, há histórias por contar.”

Foto do convite: Gê Vasconcelos

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