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Edifício Líbano

 

O vizinho destranca a porta no ritual das quatro voltas.

Neste ruído nossas vidas se encontram.

Moramos dois andares abaixo

de onde foi território de Cuba

e há anelos esquecidos

pelos corredores.

Nas amendoeiras,

o outono passa duas vezes por ano,

desde 1938,

e um rio caudaloso de destroços

fez sua nascente no alto do morro.

Não há pombas, nem pássaros,

nos jardins do Líbano,

mas gatos sobre carros

e acenos discretos

ao vencermos as pedras

a caminho do elevador.

O cimento recobre as fendas

e tudo é servil

onde erguia-se

um pequeno chafariz

de Versailles.

 

Leila Danziger, 2008

Três ensaios de fala, Ed. 7Letras, 2012.

A exposição tem como centro o Edifício Líbano, construído na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, Rio de Janeiro, em 1938, em que parte de minha família viveu desde a década de 1940. Situado próximo à encosta do Cantagalo - entre a lagoa, a montanha e o mar – o edifício (praticamente incorporado à Comunidade do Pavão-Pavãozinho) é aqui tomado como prisma de uma reflexão sobre paisagem, cidade e memória. Idealizada especialmente para a Galeria IBEU, também situada em Copacabana.

Curadoria: Ivair Reinaldin.

 

 

No topo do mundo [enquanto eu lavo louça] [2009-10], VD, 3'14", cor, som.

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