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[bloc-notes 1]


Mesmo que o manto sobre a cabeça se assemelhe aos véus que escondem as mulheres ao longo dos séculos em inúmeras tradições, não me parece que ela seja um corpo submisso, mas alguém que construiu uma forma se proteger. Em novembro passado, na esquina da rua Dias da Rocha com a Avenida Nossa senhora de Copacabana, tive um diálogo inesquecível com uma mulher sentada na rua, coberta de panos, e que desenhava um emaranhado de linhas vermelhas num caderno. - “Posso fazer uma foto sua? - “É contra a lei.” - “Acho você muito bonita.” - "Obrigada. Mas não pode.” Dessa vez, não perguntei nada e tirei uma foto furtiva, encoberta pelo gesto de mexer no celular, gesto cabisbaixo que nos une em qualquer parte do mundo. Não sei se violei sua lei.

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